Jenga

sempre nos é permitido repensar o pensado rever um argumento escolher outro caminho reparar uma história. como um jogo nada infantil a vida sempre pode ser desfeita e refeita com um novo arranjo de novo e de novo outra vez e mais uma.

Escombros

teus olhos felinos a me espreitar o sono tuas mãos vacilantes a acariciar meu dorso teus argumentos exaustivos a rodopiar em minha mente tuas paranoias criativas a martelar meu espaço distante traços fantasmagóricos de uma outra história estranhas lembranças de alguma outra vida a arrancar palavras suaves para calar a cobiça a gritar silêncios cortantesContinuar lendo “Escombros”

Invernal

às seis da manhã passo um café e sento com meus fantasmas botamos as cartas na mesa sobre luto, cicatrizes, memórias. falamos das marcas gravadas na pele dos caminhos, escolhas e histórias e discutimos sobre reparações. choro revelando lembranças que permanecem (embora não permaneçamos os mesmos), incômodos que ficam e tropeços. confesso que os sonhosContinuar lendo “Invernal”

Culpada

Peço-te perdão Mas não precisas me perdoar De fato Se não queres Preciso apenas que saibas Que, embora seja forte, Sinto-me vil, Culpada e absurda E que sem pronunciar Esse desejo de reparação Não haverá, para mim, Vida Nem mesmo depois Da morte.