Arquivos do autor:Ana Luisa Bittencourt
Chronos
O tempo voa disse-me o pássaro ao pousar. Vi, em seus olhos, que ele entendia de tempo (e de voo) melhor do que eu.
Kafkiano
travada na porta giratória penso – com quantos aneis se planeja um delito?
Censo
entrevistador parece esquecer de perguntar sobre as questões mais fundamentais: 1. são muitas as suas dores? 2. com quem você pode contar?
Ainda assim
querer e querer esquecer do caos do mundo e de cada um das pequenas tragédias pessoais e públicas da nossa humanidade frágil e altiva desta vida estranha e imprevisível.
Rota
quis encontrar uma estrela em teus olhos dançar, inda menina, nos teus palcos ser-te atriz principal de meus melhores papeis enquanto rompia as correntes de um vazio sem nome e buscava alguma crença em qualquer merecimento. esqueci-me menina nas minhas fantasias inseguras nos desejos que busquei atrás das portas ou entre as frestas nas janelasContinuar lendo “Rota”
Axioma
quando te conheci me perdi enlouqueci me consumi. isto pode parecer lindo romântico poético mas a verdade dura nua crua é que isso é o fim
Fenda
há uma fissura em algum lugar da alma de onde emergem demandas pueris tolas infantes incrustadas num beco escuro da memória dos tempos imemoriais.
Sirius
na aridez dos tempos achar por entre as frestas risos em cores cafés com creme conversas em si bemol e um punhado de estrelas amontoadas no meio do peito.
Jenga
sempre nos é permitido repensar o pensado rever um argumento escolher outro caminho reparar uma história. como um jogo nada infantil a vida sempre pode ser desfeita e refeita com um novo arranjo de novo e de novo outra vez e mais uma.